22.4.18

Com a missão de acender estrelas

Foto: Marcelo Santos
E se de repente todas as estrelas se apagassem dentro de nós? Estaríamos condenados à escuridão de uma vida sem sonhos? Em tempos de profundo desânimo, motivado por crises de toda ordem, o exercício de manter viva a chama da esperança parece mesmo exigir um esforço sobre-humano. Certa disso, a escritora e poeta Dora de Oliveira apressou-se em acender seu candeeiro de poemas e agora lança “Por que apagaram as estrelas?”, pela Pomar de Ideias Editora, no próximo dia 26, no Sesc Palladium. “Mario Quintana já anunciava: ´Que tristes os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas’”, lembra a autora. “Por isso, o desejo de me expressar por meio de metáforas e, assim, vislumbrar, quem sabe, o renascimento interior de que tanto necessitamos.”

Dora, que já publicou “Voos diversos” (Câmara Brasileira de Jovens Escritores), em 2014, e participou de várias antologias literárias – uma delas em São Paulo e três na Itália –, conta que, há algum tempo, vem burilando os textos deste novo livro, sempre com os olhos voltados para o céu, com a avidez de quem precisa redescobrir sua humanidade. “São tentativas, quase instintivas, de responder às inquietações cotidianas, de não me tornar uma pessoa endurecida, dolorida, com medo do outro”, confidencia.

Segundo ela, o ser humano distancia-se de sua verdadeira essência ao caminhar quase sempre sobrecarregado por tarefas que se assemelham a um pesado fardo. “Quem terá a coragem de acender sua estrela, desviando o olhar da linha reta para tocar belezas necessárias e libertadoras?”, questiona. “Espero que esta leitura quebre um pouco as correntes que nos prendem.”

A poeta não nega que a escrita dos poemas represente uma catarse. “O sonho é o que nos sustenta e precisa ser alimentado numa época de desencanto”, sugere.

Dora estabeleceu para si uma rotina de produção literária. “Embora ame as tarefas do dia a dia, abandono tudo, se for preciso, e vou escrever.” Meus filhos logo compreenderam esse amor pelas palavras e me incentivam a seguir em frente.

Para fugir do temeroso efeito manada, que aprisiona, Dora revela ainda que, mesmo em seu ambiente profissional, por exemplo, encontra formas de contemplar o céu real e o imaginário, seja através do vidro da janela ou escapando até o vão livre do prédio, em dias luminosos ou nublados. “Até as nuvens conseguem refletir movimento, passagem, transposição. Até elas podem nos ensinar um caminho diferente daquele obrigatório, que nos foi prescrito como indispensável. Abracemos com vigor nossas chances”, conclui.



AGENDE AÍ

O quê: Dora de Oliveira lança o livro “Por que apagaram as estrelas?” (Pomar de Ideias Editora, 64 páginas, formato 11cm x 18 cm)
Quando: Nesta quinta-feira, dia 26/4, a partir das 19h
Onde: Sesc Palladium, foyer da Av. Augusto de Lima, 420 – Centro | Belo Horizonte | MG

“Neste livro Dora cumpre a função do artista verdadeiro, que observa o mundo, o traduz com as peculiaridades de seu espírito e devolve suas impressões a outros, como um náufrago que pacientemente engarrafa mensagens a destinatários desconhecidos.” 
Fernando Righi, jornalista e músico

“Os dias áridos, aqueles em que somos forçados a viver segundo o preceito ocidental de sobrevivência e competição, não podem ser capazes de anular em nós o prazer da vida. “Por que apagaram as estrelas?”, de Dora de Oliveira (Pomar de Ideias Editora), convida o leitor fatigado a olhar mais para o alto, na tentativa de redescobrir tudo aquilo que dá sabor e sentido a nossa existência, e que, por motivos diversos, pode ter ficado perdido. A obra é um clamor lírico contra o turbilhão de urgências desnecessárias que sufocam e empanam o brilho de ser livre e feliz.”
Pedro Antônio de Oliveira, jornalista e escritor

11.4.18

Que brilha


Sem foguetes nem balões,
 carros alados ou corcéis.
É com o coração 
que se alcança sua estrela.

Pedro Antônio de Oliveira