5.3.09

Querido medo


Pelo buraco da fechadura, com um olho só, ele avistou uma tarde de ouro. Ouviu gritos de festa e o barulho de felicidade.
Cá dentro, o assobio fino do maior silêncio do mundo deixava seus ouvidos com dor.
Era uma vontade que ele tinha de esticar as pernas, de abrir os braços assim bem grande, de pular no alto, de esquentar sol...
Mas e a porta fechada? Quem é que vinha para abrir?

PEDRO ANTÔNIO DE OLIVEIRA

13 comentários:

gloria disse...

a porta fechada tem um tanto de aberta né? já dissemos sobre isso. quando se trata de poetas, que vêm por fendas, insterstícios e desenham sutilezas portas fechadas são campos férteis para imaginaçào. tào lindo Pedro, tão lindo! bjs

Dobradinha Literária disse...

pedro, este texto mostra como podemos imaginar o q uma pequena fresta pode proporcionar..
isso é acreditar em sonhos???

arita

Lari Reis disse...

Acho triste quando a vontade não supera o medo. Quando eu era criança, tinha mais coragem de fazer as coisas... Talvez porque tivesse me machucado pouco ainda. Eu admiro pessoas grandinhas como nós que vencem seus medos em busca de seus sonhos, de realizar vontades.

Vai, abre a portaa!!

Marcelo A. disse...

Pedrão;

Por que será que quase sempre a gente espera alguém nos abrir a porta? É ou não é assim? Sempre delegando a um terceiro, aquela que devia ser a nossa maior responsabilidade, o nosso maior compromisso: ser feliz!

Às vezes ser feliz assusta...

Mão na maçaneta, homem! A tarde de ouro te espera...

Ah, em relação ao meu blog... Eu só falei aquilo que penso! Você - e todos os outros que ali citei - merece cada uma daquelas palavras!

O pessoal daqui de casa realmente se amarrou na Torre... Até meu irmão, coitado, que trabalha demais, ficou até tarde da noite a escalando... Rsrsrs!

Entra nos blogs sim, mas, se passar pelos meus, não seja muito criterioso em seus comentários... Eu não sabia o que fazia! Rsrsrs!

Abração, cara! Nos vemos por aí...

Marcelo.

Lupeu Lacerda disse...

nosotros é que sabemos
o filme que rola
no buraco da fechadura

Lupeu Lacerda disse...

pedro, meu blog onde "brinco de ser escritor" é o www.sequicosacro.blogspot.com

apareça lá, e seja bem vindo.

Marcelo A. disse...

Grande Pedro!

Não fala assim que eu fico encabulado! Rsrsrs!

Na verdade, acho que tô mandando melhor agora. Eu simplesmente amo escrever e, não raro, perco a noção e quando vejo... lá foi um testamento! Rsrsrs! Hoje, acho que sei usar melhor a minha capacidade de síntese. Mas só um pouco! Rsrsrs!

Sobre as portas... Caraca, você confundiu minha cabeça!!! Rsrsrs!

Deixa eu parar por aqui. Deu pra ver que eu gosto muito de falar/escrever, né? Meu Orkut que é assim, um verdadeiro Messenger... Isso não é lá muito bom, não é?

Abração e um grande findi pra você também!

P.S.: O abraço foi devidamente transmitido. Ele manda outro pra você.

Nuvem disse...

Querido Pedro,

pelo buraco da fechadura vejo a maravilha. E caminho de olhos fechados para sentir tudo e amar todas as coisas, as mesmas que o meu medo de chorar transformam as formas e as cores em figuras embaciadas.

Preciosa imagem: bonita legendagem...

Do fundo e no fundo, tocante.

Nota1: Obrigada!
Nota2: Tudo o que temos e damos é já ganho e já do outro porque inteiramente nosso. Trocar textos e emoções é trocarmo-nos e na troca, sempre se ganha!

Até,

Mimirabolante disse...

Vou olhar pelo buraco...depois,digo oq ue vi ! ! !

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

Nenhuma porta é completamente fechada. Nenhuma janela está completamente aberta. Sempre existem as frestas pelas quais escorre tanto o dia quanto a noite, seja um vermelho, seja o outro cinza. O que ocorre é que por vezes vemos ouro onde existe somente chumbo. O que acontece é que a alquimia dos olhos trabalha sempre ao contrário: vê mais do que enxerga, enxerga menos do que repara, para parafrasear a epígrafe do Saramago. Portanto, se os braços querem a abertura das asas, basta a solidão do verbo para que tal se dê. Não nos nutrem barbitúricos, alucinógenos ou muito menos o fundo dos copos. Sequer pulmões enfumaçados dizem algo sobre nós além de um câncer que os anos alimentam. O que nos nutre é essa ânsia da página em branco que pela invenção do computador se tornou uma completa angústia ao melhor modo sartreano, muito embora eu seja mais do Camus. Ao menos quando a página era de papel, convenhamos, como certa vez falou o Veríssimo (filho), você poderia ter preguiça de reescrever. Mas como agora as páginas são virtuais, a reescrita é eterna, sendo que talvez essa seja a razão dos livros hoje serem na maioria tão curtos. Seria síntese? Creio que não, pois quanto mais podamos, mais nos vemos - daí a ausência de tantas palavras para dizer o que tem que ser dito, apesar da prolixidade de seres como yo. Tenha ciência: a praia só se dá à vista após a ressaca. E a ressaca, muito embora nem sempre venha, quando vem destrói nossas casas e faz com que uma concha enorme esbarre em nossas portas. Será que não seria uma concha que impede sua mão de abrir a porta? Se for, o som do mar nela reside, residindo ali também a possibilidade do infinito, ainda que restrito à própria finitude humana que só se faz infinita por meio da criação. Basta colar a madeira nos ouvidos para que se ouça o que do outro lado há. Portanto, caro poeta do ouro alquímico, ficam aqui minhas humildes palavras sobre essa infância do menino que queria abrir a porta. Ou ele queria ter asas? Uma coisa está diretamente relacionada a outra, pois são pelas frestas das nuvens que chegamos às estrelas. Aliás, escrevi um poeminha ontem intitulado "Para uma Fortaleza". Está lá no INSUFILME. Dê uma olhadinha. No mais, um abraço e persista com essa meninice que, se não voar, ao menos cria, o que é como reescrever para sempre um Gênesis ao modo de Borges: areia por todo lado e na frente de casa uma praia - por consequência uma concha e todo esse som do mar. E tenho dito. Que se faça a milonga!

Xubis D. disse...

Oi, Pedrooo!
Nossa, esse texto ficou ótimo!
Acho que o medo é como uma porta mesmo...Eu, por exemplo, morroooo de medo de montanha russa - mas sempre quis ir em uma, sempre vejo todo mundo super animado com elas.
(apesar do meu medo ter uma parte bem lógica: pessoas morrem em montanhas russas...)

Ah, obrigada pelo elogio!..Não se se sou mesmo uma 'tremenda gata', mas eu me diverti lendo isso!
hahahahaha

Beijãão especial da
Lu Paes!

Vinícius Rodovalho disse...

Ah, não há como não me identificar aí. Cheguei a escrever algo parecido no meu aniversário, dias atrás. É que agora é hora de mudar de vida, por aqui. Então a ansiedade vem grande, a vontade de experimentar, de tentar, de ver dar certo. Mas o medo de deixar os velhos hábitos me limita. Sou como um garotinho diante de uma porta fechada.

Quanto aquela frase, "Há quem viva e há quem exista, apenas.", é uma paráfrase, na verdade. De algum autor que encontrei em algum blog...

E quanto à pena de morte, há muito mesmo o que dizer. Penso que não seja a solução ideal. Para mim, deveriam haver várias reformas no Código Penal brasileiro. Para que as leis ao menos funcionassem.

Enfim. Ótimo texto e boa escolha de imagem. Até mais!

Anônimo disse...

A imaginação abre qualquer porta.
Lindo texto!